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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mangá



mangá  ou manga (em japonês漫画transl. manga, literalmente "história(s) em quadrinhos") é a palavra usada para designar as histórias em quadrinhos feitas no estilo japonês. No  Japão, o termo designa quaisquer histórias em quadrinhos. Sua origem está no Oricom Shohatsu (Teatro das Sombras), que na época feudal percorria diversos vilarejos contando lendas por meio de fantoches. Essas lendas acabaram sendo escritas em rolos de papel e ilustradas, dando origem às histórias em sequência, e consequentemente originando o mangá. Vários mangás dão origem a animes para exibição natelevisão, em vídeo ou em cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição impressa de história em sequência ou de ilustrações.1


História[editar | editar código-fonte]

Um gravura de Katsushika Hokusaiprecursora do mangá moderno.
Os mangás têm suas raízes no período Nara (século VIII d.C.), com o aparecimento dos primeiros rolos de pinturas japonesas: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos que juntos contavam uma história à medida que eram desenrolados. O primeiro dessesemakimono, o Ingá Kyô, é a cópia de uma obra chinesa e separa nitidamente o texto da pintura.
A partir da metade do século XII, surgem os primeiros emakimono com estilo japonês. OGenji Monogatari Emaki é o exemplar de emakimono mais antigo conservado, sendo o mais famoso o Chojugiga, atribuído ao bonzo Kakuyu Toba e preservado no templo de Kozangi em Kyoto. Nesses últimos surgem, diversas vezes, textos explicativos após longas cenas de pintura. Essa prevalência da imagem assegurando sozinha a narração é hoje uma das características mais importantes dos mangás.
No período Edo, em que os rolos são substituídos por livros, as estampas eram inicialmente destinadas à ilustração de romances e poesias, mas rapidamente surgem livros para ver em oposição aos livros para ler, antes do nascimento da estampa independente com uma única ilustração: o ukiyo-e no século XVI. É, aliás, Katsushika Hokusai o precursor da estampa de paisagens, nomeando suas célebrescaricaturas publicadas de 1814 à 1834 em Nagoya, cria a palavra mangá — significando "desenhos irresponsáveis" — que pode ser escrita, em japonês, das seguintes formas: Kanji (漫画?), Hiragana (まんが?), Katakana (マンガ?) e Romaji (Manga).
Os mangás não tinham, no entanto, sua forma atual, que surge no início do século XX sob influência de revistas comerciais ocidentais provenientes dos Estados Unidos eEuropa, sobretudo da revista britânica, origem do nome, Punch Magazine (Revista Punch), os jornais traziam humor e sátiras sociais e políticas em curtas tiras de um ou quatro quadros.
Japão Punch, revista satírica publicada abril de 1883 por Charles Wirgman.
Kanagaki Robun e Kawanabe Kyosai criaram a primeira revista de manga em 1874: Eshinbun Nipponchi. A revista foi fortemente influenciado pela Japão Punch, fundada em 1862 por Charles Wirgman, um cartunista britânico.2 Eshinbun Nipponchi tinha um estilo muito simples de desenhos e não se tornou popular. Eshinbun Nipponchi terminou depois de três edições. A revista Kisho Shimbun em 1875 foi inspirado por Eshinbun Nipponchi, que foi seguido por MaruMaru Chinbun em 1877, e, em seguida Garakuta Chinpo em 1879. Shōnen Sekai foi a primeira revista shōnen criada em 1895 por Iwaya Sazanami, um famoso escritor de japonês de literatura infantil. Shōnen Sekai teve uma forte ênfase sobre a Primeira Guerra Sino-Japonesa.
A expansão de técnicas europeias resultou em uma lenta, mas segura a produção de artistas nativos japoneses como Kiyochika Kayashi, Takeo Nagamatsu, Ippei Okomoto, Ichiro Suzuki e, especialmente, Rakuten Kitazawa, cujo mangá Tagosaku to Mokube no Tokyo Kenbutsu 『田吾作と杢兵衛の東京見物』 é considerado o primeira mangá no seu sentido moderno.
Diversas séries comparáveis as de além-mar surgem nos jornais japoneses: Norakuro Joutouhei (Primeiro Soldado Norakuro) uma série antimilitarista de Tagawa Suiho, e Boken Dankichi (As aventuras de Dankichi) de Shimada Keizo são as mais populares até a metade dos anos quarenta, quando toda a imprensa foi submetida à censura do governo, assim como todas as atividades culturais e artísticas. Entretanto, o governo japonês não hesitou em utilizar os quadrinhos para fins de propaganda.
Sob ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial, os mangakas, como os desenhistas são conhecidos, sofrem grandeinfluência das histórias em quadrinhos ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa cotidiana.
Nessa época, mangás eram bastante caros, começaram a surgir compilações em akahons (ou akabons, livros vermelhos), livros produzidos com papel mais barato e capa vermelha e do tamanho dos cartões postais (B6).3
É então que um artista influenciado por Walt Disney, revoluciona esta forma de expressão e dá vida ao mangá moderno: Osamu Tezuka. As características faciais semelhantes às dos desenhos da Disney, onde olhos, boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para aumentar a expressividade dos personagens tornaram sua produção possível. É ele quem introduz os movimentos nas histórias através de efeitos gráficos, como linhas que dão a impressão de velocidade ou onomatopeiasque se integram com a arte, destacando todas as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância de planos e de enquadramentos como os usados no cinema. As histórias ficaram mais longas e começaram a ser divididas em capítulos.
Um rosto desenhado no estilo do mangá.
Em 1947, Tezuka criou publicou no formato akahon, um mangá escrito por Sakai Shichima, Shin Takarajima (A Nova Ilha do Tesouro), um título de grande de sucesso que chegou a vender 400 mil exemplares.3
Osamu Tezuka produz através de seu próprio estúdio, o Mushi Production, a primeira série de animação para a televisão japonesa em 1963, a partir de uma de suas obras: Tetsuwan Atom (Astro Boy). Finalmente a passagem do papel para a televisão tornou-se comum e o aspecto comercial do mangá ganhou amplitude, mas Tezuka não se contentou com isso. Sua criatividade o levou a explorar diferentes gêneros — na sua maioria, os mangás tinham como público-alvo as crianças e jovens —, assim como a inventar outros, participando no aparecimento de mangás para adultos nos anos sessenta com os quais ele pôde abordar assuntos mais sérios e criar roteiros mais complexos. Ele também foi mentor de um número importante de mangakas como Fujiko & Fujio (dupla criadora de Doraemon), Akatsuka FujioAkira "Leiji" MatsumotoTatsuo Yoshida (criador de Speed Racer) e Shotaro Ishinomori.
Assim, os mangás cresceram simultaneamente com seus leitores e diversificaram-se segundo o gosto de um público cada vez mais importante, tornando-se aceitos culturalmente. A edição de mangás representa hoje mais de um terço da tiragem e mais de um quarto dos rendimentos do mercado editorial em seu país de origem. Tornaram-se um verdadeiro fenômeno ao alcançar todas as classes sociais e todas as gerações graças ao seu preço baixo e a diversificação de seus temas. De fato, como espelho social, abordam todos os temas imagináveis: a vida escolar, a do trabalhador, os esportes, o amor, a guerra, o medo, séries tiradas da literatura japonesa e chinesa, a economia e as finanças, a história do Japão, a culinária e mesmo manuais de "como fazer", revelando assim suas funções pedagógicas.

Estilos[editar | editar código-fonte]

thumbs
Para os japoneses as histórias em quadrinhos são leitura comum de uma faixa etária bem mais abrangente do que a infanto-juvenil. A sociedade japonesa é ávida por leitura e em toda parte vê-se desde adultos até crianças lendo as revistas. Portanto, o público-consumidor é muito extenso, com tiragens na casa dos milhões e o desenvolvimento de vários estilos para agradar a todos os gostos.
Por isso os mangás são comumente classificados de acordo com seu público-alvo.
Histórias onde o público alvo são meninos — o que não quer dizer que garotas não devam lê-los — são chamados de shounen (garoto jovem, adolescente, em japonês) como Dragon BallTorikoFairy TailOne PieceNarutoBleach , Tsushy yo Tekay etc. e tratam normalmente de histórias de ação, amizade e aventura.
Histórias que atualmente visam meninas são chamadas de shoujo (garota jovem em japonês) e têm como característica marcante as sensações e sensibilidade da personagem e do meio (também existem garotos que leem shoujo.) como Nana.
Além desses, existe o gekigá, que é uma corrente mais realista voltada ao público adulto (não necessariamente são pornográficos ou eróticos) como, por exemplo Lobo Solitárioe ainda os gêneros seinen para homens jovens e josei para mulheres. Os traços típicos encontrados nas histórias cômicas (olhos grandes, expressões caricatas) não são encontrados nessa última corrente.
Existem também os pornográficos, apelidados hentai. As histórias yuri abordam a relação homossexual feminina e o yaoi (ou Boys Love) trata da relação amorosa entre dois homens, mas ambos não possuem necessariamente cenas de sexo explícito.
Os edumangás que são mangás didáticos voltados para o ensino de diversas matérias.4

Publicação[editar | editar código-fonte]

O sentido de leitura de um mangá japonês
A ordem de leitura de um mangá japonês é a inversa da ocidental, ou seja, inicia-se da capa do livro com a brochura à sua direita (correspondendo a contracapa ocidental), sendo a leitura das páginas feita da direita para a esquerda. Alguns mangás publicados fora do Japão possuem a configuração habitual do Ocidente.
Além disso, o conteúdo é impresso em preto e branco, contendo esporadicamente algumas páginas coloridas, geralmente no início dos capítulos, e em papel reciclado tornando-o barato e acessível a qualquer pessoa.
Os mangás são publicados no Japão originalmente em revistas antológicas impressas em papel-jornal parecidas com listas telefônicas. Essas revistas com cerca de 300 à 800 páginas são publicadas em periodicidades diversas que vão da semana ao trimestre. Elas trazem capítulos de várias séries diferentes. Cada capítulo normalmente tem entre dez e 40 páginas. Assim que atingem um número de páginas em torno de 160~200, é publicado um volume encadernado, chamado tankohon ou Tankōbon, no formato de bolso, que então contém apenas histórias de uma série.3 5 Esses volumes são os vendidos em diversos países dependendo do sucesso alcançado por uma série, ela pode ser reeditada em formato bunkoubon ou bunkouban (完全版?) (mais compacto com maior número de páginas) e wideban (ワイド版?) (melhor papel e formato um pouco maior que o de bolso).
Loja de mangá no Japão.
Wikipe-tan é a personagem em estilo mangá que personifica aWikipédia.
Uma das revistas mais famosas é a Shonen Jump da editora Shueisha. Ela publicou clássicos como Dragon BallSaint Seiya (ou Cavaleiros do Zodíaco), Yu Yu Hakusho e continua publicando outra séries conhecidas como Hunter x HunterNarutoOne PieceBleach e Toriko. Existem também outras revistas como a Champion Red mensal (Akita Shoten), que publica Saint Seiya Episode G (Cavaleiros do Zodíaco Episódio G), a Shonen Sunday semanal (Shogakukan), que publicava InuYasha, e a Afternoon mensal (Kodansha). Entre outras, podem-se citar também a Nakayoshi (Kodansha), revista de shoujo famosa que publicou entre outros Bishoujo Senshi Sailor Moon e Sakura Card Captors, e a Hana to Yume (Hakusensha) que publica Hana Kimi e Fruits Basket.
Há também os 'dōjinshis (fanzines) que são revistas feitas por autores independentes sem nenhum vínculo com grandes empresas. Algumas dessas revistas criam histórias inéditas e originais utilizando os personagens de outra ou podem dar continuidade a alguma série famosa.6 7 8 9 Esse tipo de produto pode ser encontrado normalmente em eventos de cultura japonesa e na internet. O Comiket(abreviação de comic market), uma das maiores feiras de quadrinhos do mundo com mais de 400.000 visitantes em três dias que ocorre anualmente no Japão, é dedicada ao dōjinshi.10

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Claudio Seto, precursor do mangá no Brasil.
A popularidade do estilo japonês de desenhar é marcante, também pela grande quantidade de japoneses e descendentes residentes no país. Já na década de 1960, alguns autores descendentes de japoneses, como Minami Keizi e Claudio Seto, começaram a utilizar influências gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em seus trabalhos na editora EDREL (Editora de Revistas e Livros) fundada por Keizi.
A primeira publicação brasileira a citar os mangás japoneses foi um livro da EDREL: "A técnica universal das histórias em quadrinhos" deFernando Ikoma, autor que só teve contatos com os quadrinhos japoneses quando foi trabalhar na editora11 , na época Seto e Keizi foram aconselhados a mudar o traço mangá para estilos ocidentais11 12 .
A EDREL teve muitos problemas com a censura do Regime Militar por conta dos quadrinhos eróticos publicados pela Editora13 . Nessa época, Seto cria a Maria Erótica14 .
Em meados da década de 1970, a Editora Abril começa a publicar Speed Racer (Mach Go Go no original), as primeiras histórias em quadrinhos baseadas em uma produção japonesa. As histórias eram oriundas da revista Meteoro da Editorial Abril da Argentina15 16 , fundada por Cesar Civita, irmão de Victor Civita, criador da Editora Abril brasileira17 . A revista brasileira também publicaria histórias produzidas por artistas locais18 . O mangá original de Speed Racer só seria publicado país na década de 200019 . A série de anime foi exibida no programa do Capitão Aza19 .
Em 1978, Claudio Seto conheceu Faruk El Kathib, dono da Grafipar, editora de livros vendidos de porta em porta de Curitiba. Seto havia se mudado para Curitiba três anos antes, onde trabalhou como ilustrador em um jornal14 . Na Grafipar, Seto trouxe de volta a Maria Erótica14 .
Nos anos 80, os tokusatsus (as séries de super-herói em live-action) fizeram bastante suceso no Brasil. Em 1982, a Grafipar (pelo selo Bico de Pena) lançou duas revistas em formatinho no estilo mangá: Super-Pinóquio, de Claudio Seto (nitidamente baseado em Astro Boy e em Pinóquio de Carlo Collodi)20 e Robô Gigante, que continha duas histórias: uma sobre um robô gigante, por Watson Portela, e Ultraboy, uma espécie de Ultraman brasileiro, de Franco de Rosa21 . Ambas as revistas tiveram apenas uma edição.
Pela Nova Sampa, o casal Ataide Braz e Neide Harue lançam a série "Dracula A Sombra da Noite", série influenciada pelo livro Drácula de Bram Stoker22 .
Bloch Editores publicou versão não-oficial de Spectreman, desenhada por Eduardo Vetillo. A revista era produzida no estilo dos comics de super-heróis23 . (Spectreman também possuía um mangá no Japão, produzido por Daiji Kazumine24 .
No final da década de 1980 e início da década de 1990, foram lançadas revistas em quadrinhos licenciadas das séries JaspionMaskmanChangeman e Spielvan. Inicialmente, pela EBAL e depois pela Bloch (que lançou uma fotonovela de Jaspion) e pela editora Abril, que também publicou Black Kamen Rider e Cybercop, única das séries que não pertencia a Toei Company25 , todas produzidas por artistas brasileiros do Studio Velpa26 .
Tal qual Spectreman, essas também seguiam o padrão dos comics27 , entretanto vários dos artistas que participaram dessas publicações publicaram HQs no estilo mangá28 29 .
Ainda nos anos 80, foram licenciados os primeiros mangás japoneses originais. Esses títulos foram publicados em vários formatos diferentes e com as páginas espelhadas (da esquerda para direita)30 .
Alguns clássicos foram publicados nos anos 80 e começo dos anos 90 sem muito destaque, como Lobo Solitário, em 1988, pela Editora Cedibra, primeiro mangá lançado no Brasil31 ; Akira, pela Editora GloboCrying Freeman, pela Nova SampaA Lenda de Kamui (Sanpei Shirato) e Mai - Garota Sensitiva, pela Editora Abril32 e Cobra, pela Dealer33 .
Em 3 de fevereiro de 1984, é criada a Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações. No mesmo ano, Osamu Tezuka visita o Brasil e é apresentado a uma exposição com artes de vários artistas brasileiros. Algum tempo depois, Tezuka conhece o brasileiro Mauricio de Sousa, com que estabelece uma amizade. Ambos planejaram um crossover entre seus personagens em longa-metragens de animação, mas o projeto foi engavetado após a morte de Tezuka em 198934 .
O primeiro "boom" de animes e mangás no Brasil vem em 1994, com o sucesso do anime Os Cavaleiros do Zodíaco, de Masami Kurumada, exibido pela Rede Manchete. Surgem várias revistas informativas, como a Revista Herói (publicada em conjunto pela Acme e a Nova Sampa)35 e também as primeiras revistas dedicadas exclusivamente a animes e mangás, como a Japan Fury e Animax36 37 .
Conjuntamente, surge um grande número de fanzines e revistas em quadrinhos baseados em animes e mangás36 . A Magnum (editora que publicava a revista Animax) publica a revista Hypercomix (revista com de aniparos) e Megaman (adaptação do jogo eletrônico homônimo), ambas produzidas por artistas brasileiros. Com exceção de Daniel HDR, que já trabalhava para a Marvel Comics, vários artistas fazem suas estréias profissionais nessas revistas, como a desenhista Érica Awano)38 .
A Editora Escala também publica uma revista baseada numa franquia de video games, Street Fighter (pertencente a Capcom, mesma proprietária de Megaman). A revista traz artistas que participaram das revistas "O Fantástico Jáspion" e Heróis da TV, da Editora Abril (Marcelo Cassaro, Alexandre Nagado, Arthur Garcia, entre outros) e apresenta um estilo híbrido entre os quadrinhos americanos e os mangás26 .
Ainda em 1994, Marcelo Cassaro sai da Editora Escala e vai trabalhar na Editora Trama, onde cria a revista Dragão Brasil39 e o sistema de RPG Defensores de Tóquio, o qual satiriza franquias japonesas de mangás, animes e tokusatus40 . Pela Trama, vários de seus projetos apresentados na revista viram histórias em quadrinhos, como Holy Avenger41 .
Em 1998, a editora Animangá lança Ranma ½, primeiro título adolescente (shonen) publicado no Brasil. As edições seguem o padrão usado pela editora Viz (formato americano, lombada com grampos, leitura ocidental)36 e tem uma periodicidade irregular. A tradução fica a cargo de Cristiane Akune, da Abrademi42 . Nesse mesmo ano, a Editora Trama lança a mini-série Street Fighter Zero com roteiros de Marcelo Cassaro e arte de Érica Awano43 .
Em 1999, Marcelo Cassaro lança pela Trama26 a revista Holy Avenger, (baseada uma aventura de RPG publicada na revista em 1998) com arte de Erica Awano, tornando-se o título de "mangá brasileiro" mais longevo até então41 .
O grande marco da publicação de mangás no Brasil acontece por volta de dezembro de 2000, com o lançamento dos títulos Samurai X44 , Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco45 pelas editoras JBC e Conrad (antiga Editora Acme). Os diferenciais desses títulos são a ordem de leitura (da direita para a esquerda, como no Japão); lombada quadrada; número de páginas de meio-tankohon (metade das páginas de um volume japonês) e dois formatos: o de bolso (usado pela JBC)46 e o formatinho (adotado pela Conrad). Nessa época, a editora Escala lança antologias inspiradas nas revistas japonesas e mescla material de artistas veteranos como Claudio Seto, Mozart Couto e Watson Portela com o de aspirantes a quadrinistas, além de lançar vários manuais de "Como Desenhar no Estilo mangá"47 .
O quadrinista Fábio Yabu lança revistas em quadrinhos baseadas em sua webcomic Combo Rangers, que satiriza produções japonesas (sobretudo os super sentais)30 .
Em 2002, a Editora Cristal lança a primeira adaptação em estilo mangá: "O Pequeno Ninja Mangá" (originalmente uma revista infantil do início da década de 1990)48 .
Com o aumento dos títulos originais japoneses, os títulos brasileiros diminuem, sobretudo com o lançamento, em 2002, de Gundam Wing49 , pelo selo Planet Manga50 , da italiana Panini Comics, que também licenciou os sucessos Naruto51 e Bleach52 .
Em 2003, Marcelo Cassaro publica Dungeon Crawlers, pela Mythos Editora, com arte de Daniel HDR53 e uma reedição de Holy Avenger54 . Nesse mesmo ano, Franco de Rosa negocia com a King Features Syndicate55 uma versão mangá de O Fantasma, mas a empresa recusa. Lança, então, o herói Fantagor, pelo selo Mangájin da editora Minuano, desenhado por Pierre Vargas, que teve apenas uma edição56 .
No mesmo ano, a Via Lettera publica o álbum "Mangá Tropical", com trabalhos de Marcelo Cassaro e Erica Awano, Fábio Yabu e Daniel HDR, Alexandre Nagado, Arthur Garcia e Silvio Spotti, Elza Keiko e Eduardo Müller, Rodrigo de Góes, Denise Akemi e prefácio de Sônia Luyten57 .
Em 2008, Mauricio de Sousa e a esposa Alice Takeda são escolhidos para criar mascotes para o Centenário da imigração japonesa ao Brasil58 e anunciam o lançamento deTurma da Mônica Jovem, versão mangá adolescente da Turma da Mônica59 . Com isso, surgem vários "Mangás Jovens"60 , como Luluzinha Teen (versão adolescente daTurma da Luluzinha)61 e Didi & Lili - Geração Mangá (baseado na personagem Didi Mocó de Renato Aragão e sua filha, Lívian Aragão, a Lili), em 2009 e 2010 respectivamente62 .
Também em 2008, em virtude do Centenário da imigração japonesa ao Brasil, o Troféu HQ Mix, pela primeira vez o Troféu premiava cinco artistas ao mesmo tempo na categoria "grande mestre", premiados quadrinista da EDREL (Editora de Revistas e Livros): os irmãos Paulo e Roberto FukueFernando Ikoma e Minami Keizi, o troféu foi inspirado no personagem "O Samurai" de Claudio Seto (falecido naquele ano), além do animador japonês naturalizado brasileiro Ypê Nakashima (1926-1974),63 que também produziu charges e tiras para publicações da colonia japonesa, tais como Cooperativa Agrícola de Cotia, Nippak Shimbum e São Paulo-Shimbun, Nakashima é conhecido pelo longa de animação Piconzé (1972).64 A editora cristã Edições Vida nova inicia a publicação de mangás inspirados na Bíblia, publicados originalmente pela editora japonesa Next,65 essa não foi a primeira vez que a Bíblia foi adaptada por japoneses, Osamu Tezuka chegou a produzir anime co-produzido entre um canal japonês e um italiano, produzido em 1989, ano em que o mangaká faleceu, o anime permaneceu inédito até 1997,66 um outro exemplo é o anime Superbook (1981) da Tatsunoko.67

No fim de 2009, começam a ser lançados mangás didáticos, com a série O Guia Mangá, da editora Novatec, publicada originalmente pela editora Ohmsha como The Manga Guide.68
Em 2010, o Studio Seasons publica uma versão encadernada de Zucker, pela Newpop Editora, mangá publicado na revista informativa Neo Tokyo da Editora Escala69 . Em julho do mesmo ano, a HQM Editora publica os mangás Vitral e O Príncipe do Best Seller, do Futago Studio70 .
Em 2011, o jornalista e ilustrador Alexandre Lancaster lança uma editora própria, a Lancaster Editorial, que publica o Almanaque Ação Magazine, uma nova tentativa de implantar uma antologia de mangá brasileira71 . Lancaster, outrora redator do site Anime Pró e da revista Neo Tokyo72 , já havia lançado o projeto Ação Total em formato online, hospedado no site Anime Pró, porém o projeto foi cancelado73 74 .
Em julho do mesmo ano, o roteirista JM Trevisan (que, ao lado de Marcelo Cassaro e Rogério Saladino, forma o Trio Tormenta) e o desenhista Lobo Borges lançam a webcomic"Ledd", uma nova HQ ambientada no universo ficcional de Tormenta (o mesmo de Holy Avenger e Dungeon Crawlers), tendo como meta lançar os episódios encadernados pelaJambô Editora75 (semelhante ao que acontece com Combo Rangers).
Trabalhando inicialmente apenas com livros de RPG, a Jambô fez sua estreia no mercado de quadrinhos publicando a versão encadernada de DBride, também ambientanda em Tormenta e publicada originalmente na revista Dragon Slayer da Editora Escala76 .

Em 2012, Mauricio de Sousa lança uma edição especial da Turma da Mônica Jovem, na qual suas personagens contracenam com as de Osamu Tezuka34 .

Em outros países[editar | editar código-fonte]

Garoto lendo mangá.
Os termos "mangá global" e "mangá internacional" são usados para definir histórias em quadrinhos na estética japonesa.77 Há muito tempo o estilo tem deixado sua influência nos quadrinhos e nas animações no mundo todo.
Na Coreia do Sul atualmente podemos observar um movimento em direção aos mangás muito forte. Os manhwas coreanos e manhuaschineses têm atingido vários países pelo globo. Um exemplo claro de manhwas no Brasil são algumas histórias de sucesso como RagnarökChonchu.

Artistas americanos de quadrinhos alternativos como Frank Miller foram de alguma maneira influenciados em algumas de suas obras. As influências recebidas dos mangás japoneses ficaram mais evidentes com a minissérie Ronin (1983)78 .
Megatokyo de Fred Galagher
Outros artistas como os americanos Brian WoodAdam WarrenBen Dunn (autor de Ninja High School), Fred Gallagher (autor deMegatokyo) e Becky Cloonan (autor de Demo) e o canadense Brian Lee O'Malley (autor de Lost At Sea e Scott Pilgrim) são muito influenciados pelo estilo e têm recebido muitos aplausos por parte da comunidade de fãs de fora dos mangás. Estes artistas têm outras influências que tornam seus trabalhos mais interessantes para os leigos nesta arte. Além disso, eles têm suas raízes em subculturas orientais dentro de seus próprios países.
Histórias em quadrinhos americanas que utilizam a estética dos mangás, são constantemente chamados de OEL Manga (Original English-Language mangá) ou Amerimanga.
O americano Paul Pope trabalhou no Japão pela editora Kodansha na revista antológica mensal Afternoon. Antes disso ele tinha um projeto de uma antologia que seria mais tarde publicada nos Estados Unidos — a Heavy Liquid79 . O resultado deste trabalho demonstra fortemente a influência da cultura do mangá em nível internacional.
Jesulink, autor de Raruto
Na França existe o movimento artístico, descrito em manifesto como la nouvelle manga. Esse foi iniciado por Frédéric Boilet através da combinação dos mangás maduros com o estilo tradicional de quadrinhos franco-belgas. Enquanto vários artistas japoneses se uniam ao projeto outros artistas franceses resolveram também abraçar essa ideia. Há também franquias mais comerciais, há a caso dos jogos Wakfu e Dofus da produtora Ankama Games, que também possuem quadrinhos e animações inspirados em produções japonesas.80

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