História do
teatro
Ilustração de Konstantin Somov para "O Teatro" de
Alexander Blok (1909).
O teatro surgiu a partir do desenvolvimento do
homem, através das suas necessidades. O homem primitivo era caçador e selvagem,
por isso sentia necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades
surgem invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva. O
teatro primitivo era uma espécie de danças dramáticas colectivas que abordavam
as questões do seu dia a dia, uma espécie de ritual de celebração,
agradecimento ou perda. Estas pequenas evoluções deram-se com o passar de
vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar rituais sagrados na
tentativa de apaziguar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela. Os
mitos começaram a evoluir, surgem danças miméticas (compostas por mímica e
música).
Com o surgimento da civilização egípcia os
pequenos ritos tornaram-se grandes rituais formalizados e baseados em mitos.
Cada mito conta como uma realidade veio a existir. Os mitos possuíam regras de
acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história do mito
em ação, ou seja, em movimento. Estes rituais propagavam as tradições e serviam
para o divertimento e a honra dos nobres. Na Grécia sim, surge o teatro. Surge
o “ditirambo”, um tipo de procissão informal que servia para homenagear o Deus
Dioniso (Deus do Vinho). Mais tarde o “ditirambo” evoluiu, tinha um coro
formado por coreutas e pelo corifeu, eles cantavam, dançavam, contavam
histórias e mitos relacionados a Deus. A grande inovação deu-se quando se criou
o diálogo entre coreutas e o corifeu. Cria-se assim a acção na história e surgem
os primeiros textos teatrais. No início fazia-se teatro nas ruas, depois
tornou-se necessário um lugar. E assim surgiram os primeiros teatros.
Teatro na Grécia Antiga
A consolidação do teatro,
na Grécia Antiga, deu-se em função das
manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dioniso ou Baco(em
Roma).[1] A
cada nova safra de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao deus,
através de procissões. Com o passar do tempo, essas procissões, que eram conhecidas
como "Ditirambos", foram ficando cada vez mais elaboradas, e surgiram
os "diretores de Coro", os organizadores de procissões. Os
participantes cantavam, dançavam e apresentavam diversas cenas das peripécias
de Dionísio e, em procissão urbanas, se reuniam aproximadamente 20 mil pessoas,
enquanto que em procissões de localidades rurais (procissões campestres), as
festas eram menores.
O primeiro diretor de coro foi Tespis, que foi
convidado pelo tirano Pisístrato para
dirigir a procissão de Atenas.[2] Téspis
desenvolveu o uso de máscaras para representar, pois em razão do grande número
de participantes era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam
visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O "Coro" era composto
pelos narradores da história, que através de representação, canções e danças,
relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e a
platéia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a
conclusão da peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um
representante do coro que se comunicava com a platéia do acontecimento.
Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao
subir em um "tablado" (Thymele – altar), para responder ao coro,logo
em seguida tespis se passou por Dionisio, fingindo que o espírito de Dioniso
adentrou no seu corpo, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro
(hypócrites). Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se o
primeiro ator grego.
[editar]Destaques
Muitas das
tragédias escritas se perderam e na atualidade são três Tragediógrafos conhecidos e considerados importantes:
Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.[1]
Ésquilo (525 a 456 aC aproximadamente) – Principal Texto:
Prometeu Acorrentado. Tema Principal que tratava: Contava fatos sobre os Deuses
e os Mitos.
Sófocles (496 a 406 a.C.aproximadamente) – Principal Texto: Édipo
Rei. Tema Principal que tratava: das grandes figuras Reais.
Eurípides (484 a 406 a.C.aproximadamente) – Principal Texto: As
Troianas – Tema Principal que tratava: dos renegados, dos vencidos (Pai do
Drama Ocidental)
Aristófanes e
a Comédia: Dramaturgo grego (445 a 386 a.C.). É considerado o maior representante da
comédia antiga.
[editar]Tragédia grega
Muito se discute a origem do teatro grego e,
conseqüentemente, das tragédias. Aristóteles, em sua Poética, apresenta três versões
para o surgimento da tragédia. A primeira versão argumenta que a tragédia, e o
teatro, nasceram das celebrações e ritos a Dionísio, o deus campestre do vinho.
Em tais festividades, as pessoas bebiam vinho até ficarem embriagadas, o que
lhes permitia entrar em contato com o deus homenageado. Homens fantasiados de
bodes (em grego, tragos)
encenavam o mito de Dionísio e da dádiva dada por ele à humanidade: o vinho.
Esta é a concepção mais aceita atualmente, pois explica o significado de
tragédia com o bode, presente nas celebrações dionisíacas.
A segunda versão relaciona o teatro com os Mistérios de Eleusis, uma
encenação anual do ciclo da vida, isto é, do nascimento, crescimento e morte. A
semente era o ponto principal dos mistérios, pois a morte da semente
representava o nascimento da árvore, que por sua vez traria novas sementes. A
dramatização dos mistérios permitiria o desenvolvimento do teatro grego e da
tragédia.
A terceira concepção para o nascimento da
tragédia, e a aceita por Aristóteles, é de que o teatro nasceu como homenagem
ao heróidório Adrausto, que permitiu o domínio dos
Dórios sobre os demais povos indo-europeus que habitavam a península. O teatro
seria a dramatização pública da saga de Adrausto e seu triste fim.
A análise das obras dos principais autores
trágicos, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, como empreendida por Albin Lesky (A
tragédia grega) e Junito Brandão (Teatro Grego: origem e evolução),
nos conduz a um denominador comum da tragédia: o métron de cada um. Parte da concepção grega
do equilíbrio, harmonia e simetria e defende que cada pessoa tem um métron, uma medida ideal.
Quando alguém ultrapassava seu métron,
seja acima ou abaixo dele, estaria tentando se equiparar aos deuses e receberia
por parte deles a "cegueira da razão". Uma vez cego, esse alguém
acabaria por vencer sua medida inúmeras vezes até que caísse em si, prestes a
conhecer um destino do qual não pudesse escapar.
A tragédia seria assim uma popularização do
"mito de Procrusto". Este convidava os viajantes a se hospedarem em
sua casa, mas tinha uma cama muito grande e outra cama minúscula. Durante a
noite, Procrusto procurava adequar o viajante à cama escolhida, serrando os pés
dos que optavam pela cama pequena ou esticando os que escolhessem a cama
grande. O objetivo de Procrusto era colocar cada um na sua medida, ou melhor,
no seu métron.
Como ensinou Aristóteles, a tragédia não era
vista com pessimismo pelos gregos e sim como educativa. Tinha a função de
ensinar as pessoas a buscar a sua medida ideal, não pendendo para nenhum dos
extremos de sua própria personalidade. Para o filósofo deEstagira,
entretanto, a função principal da tragédia era a catarse,
descrita por ele como o processo de reconhecer a si mesmo como num espelho e ao
mesmo tempo se afastar do reflexo, como que "observando a sua vida"
de fora. Tal processo permitiria que as pessoas lidassem com problemas não
resolvidos e refletissem no seu dia-a-dia, exteriorizando suas emoções e
internalizando pensamentos racionais. A reflexão oriunda da catarse permitiria
o crescimento do indivíduo que conhecia os limites de seu métron. A catarse ocorreria
quando o herói passasse da felicidade para a infelicidade por "errar o
alvo", saindo da sua medida ideal.
A questão da "medida de cada um" é
recorrente na obra dos trágicos, mas trabalhada de forma diferente de acordo
com a concepção de destino. O objetivo de Ésquilo era homenagear Zeus como principal deidade, prevendo o
destino de cada um. Quando alguém tentava fugir de seu destino, por sair de seu métron, acabava cumprindo o
destino escrito por Zeus. Basta ler a Oréstia para perceber a visão de destino
e o papel de Zeus.
Sófocles, por sua vez, escreveu verdadeiras
odes à democracia, pregando abertamente que somente
ela poderia aproximar os homens dos deuses. Aquele que não respeitava a
democracia (representada pelo coro), procurava se auto-governar e fugir de seu
destino terrível, teria como resultado final aquele mesmo destino que
destemidamente lutava contra. Para ele, o homem só encontraria sua medida na
vida pública, atuando na pólis,
por intermédio da democracia ateniense. Isso fica muito claro em Antígone (na
oposição entre lei humana e lei divina, mostrando que a lei humana emanada pela
democracia, ou coro se aproximava da lei dos deuses) e em Electra.
Em compensação, Eurípedes dizia que o coração
feminino era um abismo que podia ser preenchido com o poder do amor ou o poder do ódio.
É visto por muitos como o primeiro psicólogo, pois se dedicava ao estudo das
emoções na alma humana, principalmente nas mulheres. Aristóteles o chamou de o
"maior dos trágicos", porque suas obras conduziam a uma reflexão -
catarse - que os demais trágicos não conseguiam. Numa sociedade patriarcal e
machista, Eurípedes enfatizava a mulher e como ela poderia fazer grandes coisas
quando apaixonada ou tomada de ódio. Defendia que o amor e o ódio eram os
responsáveis pelo afastamento da medida de cada um. Podemos destacar Medéia e Ifigênia
em Áulis como duas peças de
Eurípedes nas quais os sentimentos e emoções são levados à flor da pele.
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