Cultura Afro-Brasileira
Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais
do Brasil que sofreram algum grau de influência
da cultura africana desde os tempos do Brasil colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte,
trazida pela escravidão africana na época do tráfico transatlântico de escravos.
No Brasil a cultura africana sofreu também a influência das culturas europeia e indígena, de forma que características de
origem africana na cultura brasileira encontram-se em geral mescladas a outras
referências culturais.
Traços
fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da
cultura brasileira, como a música popular,
a religião,
a culinária,
o folclore e as festividades populares. Os
estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do
Sul foram os mais
influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de
escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos
escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.
Ainda
que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os
aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de
revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje.
Escravos africanos no Brasil, oriundos de várias nações (Rugendas, c. 1830).
De maneira geral, tanto na época
colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem europeia foi a
mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais
afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até
proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte marcial da capoeira foram frequentemente perseguidas
pelas autoridades. Por outro lado, algumas manifestações de origem folclórico,
como as congadas, assim como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas.
Entretanto, a partir de meados do século
XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente mais
aceitas e admiradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas
genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao
mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser
admirada quando ocupou posição de destaque na música popular, no início do
século XX.
Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do
nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de
aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta
época aprovação governamental através da União Geral das
Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934.
Outras expressões culturais seguiram
o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada própria de bandidos e marginais,
foi apresentada, em 1953,
por mestre Bimba ao presidente Vargas, que então a
chamou de "único esporte verdadeiramente nacional".
A partir da década de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da
classe média carioca[1] . Na década seguinte, as religiões
afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca.
Em 2003,
foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as
escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura
afro-brasileira.
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