como surgiu a medicina veterinaria?
A Medicina Veterinária surgiu, em primeira instância, como uma área
do conhecimento promotora da saúde dos animais, tentando diminuir prejuízos
causados pelas enfermidades que os atingiam. No entanto, com o passar do
tempo e o surgimento da medicina veterinária preventiva, aumentou-se a luta do
homem contra as enfermidades que põem em risco a saúde dos seus animais e
as doenças adquiridas pelo estreito convívio com esses.
A saúde animal e a saúde humana estão intimamente interligadas em
diferentes formas. As pessoas necessitam dos animais para a sua nutrição,
desenvolvimento socioeconômico e compania. Entretanto, os animais podem
transmitir direta ou indiretamente enfermidades para os seres humanos, e da
mesma forma, existem enfermidades como a febre aftosa que pode ocasionar
grandes perdas de gado e de outros animais, reduzindo a disponibilidade de
alimentos e culminando em grande prejuízo econômico (BURGER, 2010) .
O veterinário possui um papel fundamental a desempenhar na área de
saúde pública, inserindo-se em diferentes atividades que podem contemplar
desde a gestão e o planejamento em saúde até a mais tradicionalmente
conhecida vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental (BURGER, 2010).
Observando este fato, a Organização Mundial de Saúde (WHO) criou, em 1946, a
Saúde Pública Veterinária, definindo novas áreas de atuação para a Medicina
Veterinária, sendo as principais atribuições: o controle de zoonoses, higiene dos
alimentos, trabalhos de laboratório, de biologia e as atividades experimentais.
O termo saúde pública veterinária compreende todos os esforços da
comunidade que influenciam e são influenciados pela arte e ciência médica
veterinária, aplicados à prevenção da doença, proteção da vida, e promoção do
bem-estar e eficiência do ser humano (PUETZENREITER et al., 2004).
Tendo como referência que as zoonoses representam 75% das
doenças infecciosas emergentes no mundo; 60% dos patógenos humanos são
zoonóticos e 80% dos patógenos que podem ser usados em bioterrorismo são de
origem animal, aumenta a importância e responsabilidade da saúde pública
veterinária (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
O aumento do contato entre a população humana e os animais
domésticos e silvestres ocorridos nos últimos anos em decorrência dos processos
sociais e agropecuários resultou na disseminação de agentes infecciosos e
parasitários para novos hospedeiros e ambientes, implicando em emergências de
interesse nacional ou internacional. Ressaltando mais uma vez, a importância da
atuação do médico veterinário na saúde pública (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
O Médico Veterinário pode e deve atuar como agente de saúde pública
através não apenas da proteção específica, detecção e tratamento das infecções
zoonóticas dos animais, mas também pela orientação dada a seus clientes e
notificação destas doenças às vigilâncias. No entanto, é frequente a falta de
informação do próprio profissional sobre a importância das zoonoses e de seu
papel para a saúde pública. Além disso, as escolas não têm enfatizado a
capacitação no setor, mesmo com significativa demanda por profissionais
veterinários especializados. Atualmente, mesmo constando nos currículos dos
cursos, não há uma orientação acadêmica adequada para a área da Saúde
Pública Veterinária (BURGER, 2010).
Neste contexto, aumenta gradativamente a necessidade da
consolidação das posições conquistadas pelos Médicos Veterinários na Saúde
Pública, bem como a conquista de novos espaços. E o fato de grande parte da
população ainda desconhecer a importância da participação do Médico
Veterinário na Saúde Pública tem sido uma barreira enfrentada para a devida
ocupação destes espaços. As atividades que este profissional executa são,
muitas vezes, divulgadas de forma limitada, atribuindo a estes apenas a prática
da clínica médica veterinária e a inspeção sanitária dos matadouros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário